sábado, 30 de novembro de 2013

O Cubo de Metatron

A forma que abarca todas as formas geométricas platônicas  

Pelo nome "Cubo de Metatron" é conhecida uma figura geométrica no mínimo curiosa. Esta figura contém em a si a projeção bidimensional de todos os corpos platônicos. Estes sólidos são, por sua vez, poliedros regulares convexos, ou seja: figuras geométricas tridimensionais simétricas, cujos ângulos e arestas mantém um valor constante e cujos lados são polígonos regulares iguais. Uma esfera inscrita, tangente a todas as suas faces em seu centro; uma segunda esfera tangente a todas as arestas em seu centro e uma esfera circunscrita, que passe por todos os vértices do poliedro. Existem apenas 5 corpos platônicos: o tetraedro, o hexaedro (ou cubo), o octaedro, o dodecaedro e o icosaedro.




Platão concebia o mundo como sendo constituído por quatro elementos básicos: a Terra, o Fogo, o Ar e a Água, e estabelecia uma associação mística entre estes e os sólidos. Assim, o cubo corresponde à Terra; o tetraedro, associa-se ao Fogo; o octaedro foi associado ao Ar e o icosaedro à Água. O quinto sólido, o dodecaedro, foi considerado por Platão como o símbolo do Universo, relacionando-se ao chamo Éter.
 
O Cubo de Metatron se constrói tomando como base o chamado "Fruto da Vida", ou seja: 13 circunferências tangentes e congruentes, construídas a partir de um hexágono regular. Unindo-se os centros de cada uma destas circunferências com os centros de todas as demais, obtém-se esta interessante figura formada por 78 linhas. Pode-se notar facilmente que a imagem da "Árvore da Vida" da Kabbalah [ou Cabala] está contida neste conjunto de esferas.

Igualmente se vê a "Estrela de David" (as diagonais do hexágono) e a "Estrela de Kepler" (ou "Merkabah", forma estelar do icosaedro, versão tridimensional da "Estrela de David").

                             
 

Nota: impossível não notar que o nome Metatron, embora seja parte da tradição cabalística hebraica, corresponde exatamente à junção de um prefixo e um sufixo provenientes da língua grega clássica: meta (μετά - transcendente, includente, pertencente a um nível acima ou além) e tron (τρον - instrumento de); em tradução literal, poderia significar "instrumento transcendente e / ou includente do além ou do acima", ou "instrumento de transcendência e / ou inclusão do além ou do acima" (?).
 
A Flor da Vida

A "Flor da Vida" é uma figura geométrica composta de círculos múltiplos espaçados uniformemente, em sobreposição, que estão dispostos de modo que formam uma flor, com um padrão de simetria multiplicada por seis, como um hexágono. Em outras palavras, seis círculos com o mesmo diâmetro se interceptam no centro de cada circulo. O Templo de Osíris em Abidos, Egito, tem o exemplar mais antigo até hoje, está talhada em granito e poderia representar o "Olho de Rá", um símbolo de autoridade do faraó. Outros exemplos se podem encontrar na arte fenícia, assíria, hindu, no médio oriente e medieval. O padrão da Flor da Vida pode ser construído com lápis, um compasso e papel mediante a criação de várias séries de círculos interconectados. O padrão da Flor da Vida é a base do Fruto da Vida e, portanto, do Cubo de Metatron.
 
 
 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A Árvore das Vidas – uma introdução

O vocábulo vida em hebraico é um plural, sem singular


O Tempo e a singularidade - Coordenadas espirituais

A árvore de vidas I


"A vida, em sua essência, é unica, mas ao manifestarem-se temporal e espacialmente nascimentos e mortes, mudanças de estado (mineral, vegetal, animal e humana), é percebida de múltiplas formas"


A "Árvore das Vidas""Etz Jaím" — abarca todos os planos nos quais a vida se manifesta. Daí a denominação Árvore das Vidas, já que o vocábulo vida em hebraico é um plural sem singular. A vida é o conjunto de toda a realidade, mesmo transcendento os limites do tempo e espaço.

Quando a Torá se refere à vida, isso inclui os planos físico-sensoriais, emocionais e mentais (manifestação temporal e espacial) integrados aos planos espirituais.

A vida, em sua essência, é única, mas ao manifestar-se temporal e espacialmente: nascimentos e mortes, mudanças de estado (mineral, vegetal, animal e humana), é percebida de múltiplas formas.

O vocábulo lev (do hebraico: coração) é formado pelas letras hebraicas 01_lev cujo valor numérico é 32 ( 02_lamed = 30 e 03_bet = 2). Trinta e duas (32) vezes é mencionado o nome Elokím* no capítulo do Gênesis/Bereshit, indicando-nos os trinta e dois caminhos gerais através dos quais a Vontade Superior estabelece os limites temporais e espaciais de manifestação. O coração / lev é o instrumento / klí ¹ que pode perceber tais limites, ou seja, as Leis Superiores. O capítulo 2:10 do Pirkei Avót nos transmite que um bom coração é o que o Homem deve buscar permanentemente, já que um bom coração é o recipiente de todas as qualidades.

Asefirot Árvore das Vidas também é conhecida como os 32 caminhos da Sabedoria, compostos pelas 22 letras do alfabeto hebraico, mais as 10 sefirót.

As letras são a energia básica, os elementos primordiais com os quais conformamos nossos pensamentos e articulamos a linguagem. As dez sefirót são os envoltórios que cobrem a plenitude da Luz ² que se expande a partir da Essência do Criador (Atzmutó), com o objetivo de que recebamos a Sua Luz. Cada sefirá manifesta um grau geral, um atributo da Luz Infinita. Isso é semelhante à luz do Sol, para a qual nos é impossível olhar sem os óculos apropriados. Ante o esplendor do Sol, a luz de uma vela faz-se imperceptível, mas quando o Sol se oculta e anoitece, a luz da vela torna-se visível. Da mesma maneira, cada sefirá nos revela diferentes graus da Luz Infinita e, grau por grau, sefirá após sefirá, o Homem se aproxima da plenitude da Luz Infinita. Ou seja, sem as sefirót sería-nos impossível receber a plenitude de Sua Luz, já que não teríamos existência nem consciência, senão que seria tudo Infinito, sem possibilidade de tomada de consciência por parte do desejo da Neshamá.

Elokím: um dos 10 nomes gerais mencionados na Torá, relacionado com a sefirá Guevurá / superação, e com todos os processos de limitação e manifestação.


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¹ Klí. O desejo de receber do emanado denomina-se Klí.

² Luz / Or. É a energia que se expande a partir do Ein - Sof, vivificando todos os mundos e estratos da Criação.

É para nós tudo aquilo que é recebido e contido nos olamót / mundos do ponto de vista de iesh mi-iesh / criação a partir do criado, que compreende tudo fora da substância dos kelím / instrumentos de recepção de OR, que são criados a partir da ausência, tzimtzúm.

São os diferentes graus da Realidade Infinita revestidos em nossa alma e denominados, a partir de nossa recepção e apreensão, da seguinte maneira:

OR ELION
: Com o termo Luz Superior / Or Elión designamos a Luz, expandida a partir de Atzmút haBoré / Singularidade do Criador, origem e causa das causas. Ou seja, ELE mesmo, e não suas vestimentas nem nomes, nem denominações, nem manifestações.
E deves saber, ensina-nos o Rab Ashlag, que todos os nomes e adjetivos pertinentes à Sabedoria da Kabalá não são nem têm realidade alguma em Atzmút haBoré, senão que somente na Luz que se expande a partir d’ELE. Em Atzmút não há para nós nenhuma palavra nem articulação sonora, porque essa é a regra geral: Todo estado espiritual que não consigamos alcançar, tampouco o conheceremos por seu nome.

OR EIN – SOF
: É a plenitude da Luz Infinita que preenche toda a Realidade, sem deixar espaço para que surja nenhum desejo nem vontade que a limite.
No estado de Ein – Sof / Infinito, à diferença dos olamót / mundos, o desejo não limita a plenitude da Luz.

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Ensinamento traduzido de halel.org — original (espanhol) —, projeto iniciado pelo Rabino Rav Haim David Zukerwar z"l (Montevidéu, 1956 - Jerusalem, 2009)


Metatron portando O Cubo
Representação antropomórfica de Metatron — artística e idealizada —,
portando a Merkabah, inserida na forma conhecida como 
O Cubo de Metatron