terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Menos é mais

Essa singela canção nos transmite a sensação de sentir a energia circulando. Experimente. É fácil. A letra começa em 1:11. É como dizem: “menos é mais”.

Ai No, Sono (愛の園 – Jardim do Amor)


 
Letra

愛の園 Jardim do Amor Garden of Love
Kibo-ni afure
ikiru yorokobi

Shiawase ni michi te

Ai no rakuen

Subete no kokoro ga
Ai o wakachiau

Shizuka ni mimi katamuke yo

Ai no komori uta

Kimi sasoi yobikakenu

Ai no sono
Existe um jardim
onde todo coração pode

Compartilhar da alegria de dar

É como nenhum outro
Tem amor a lhe cobrir
Não tem preço por existir

Ouça cuidadosamente e você poderá ouví-los cantando a sua canção

Chamando você a adentrar o seu jardim cheio de amor
There is a garden
Where every heart can
Share in the joy of giving
It like no other
Has love to cover
Bearing no price on living
Quietty listen and you might hear them singing their lullaby

Calling for you to join in their love filled garden


Agora, com um coro de crianças,
em gravação original de 1979


Ai No, Sono (愛の園 – Jardim do Amor)




Você pode querer ouvir também o Mantra da Paz, com Tina Turner e coro de crianças:



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Sarvesham Svastir Bhavatu (Mantra da Paz)

Feliz Ano Novo!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Upgrade de Deus para Versão 4.0 - Changelog


Eu acredito em Deus... Mas não sei se o Deus em que eu acredito é o mesmo Deus em que acredita o balconista, a professora, o porteiro.

O Deus em que acredito não foi globalizado.

O Deus com quem converso não é uma pessoa, não é pai de ninguém.image
É uma ideia, uma energia, uma eminência.
Não tem rosto, portanto não tem barba.
Não caminha, portanto não carrega um cajado.
Não está cansado, portanto não tem trono.

O Deus que me acompanha não é bíblico.
Jamais se deixaria resumir por dez mandamentos, algumas parábolas e um pensamento que não se renova.

O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros, mas sua superioridade está na compreensão das diferenças, na aceitação das fraquezas e no estímulo à felicidade.

O Deus em que acredito me ensina a guerrear conforme as armas que tenho e detecta em mim a honestidade dos atos.
Não distribui culpas a granel: as minhas são umas, as do vizinho são outras, e nossa penitência é a reflexão.
Ave Maria, Pai Nosso, isso qualquer um decora sem saber o que está dizendo.

Para o Deus em que acredito só vale o que se está sentindo.

O Deus em que acredito não condena o prazer. Se ele não tem controle sobre enchentes e violência, se não tem controle sobre traficantes, corruptos e vigaristas, se não tem controle sobre a miséria, o câncer e as mágoas, então que Deus seria ele se ainda por cima condenasse o que nos resta: o lúdico, o sensorial, a libido que nasce com toda criança e se desenvolve livre, se assim o permitirem?

O Deus em que acredito não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinha.
Não me abandona, mas me exige mais do que uma visita à igreja, uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres: cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas, como carregar uma cruz gigante nos ombros.
A cruz pesa onde tem que pesar: dentro. É onde tudo acontece e tudo se resolve.

Este é o Deus que me acompanha.
Um Deus simples.

Deus que é Deus não precisa ser difícil e distante, sabe-tudo e vê-tudo.

Meu Deus é discreto e otimista. Não se esconde, ao contrário, aparece principalmente nas horas boas para incentivar, para me fazer sentir o quanto vale um pequeno momento grandioso: um abraço numa amiga, uma música na hora certa, um silêncio.
É onipresente, mas não onipotente.

Meu Deus é humilde.
Não posso imaginar um Deus repressor e um Deus que não sorri.
Quem não te sorri não é cúmplice.

“Eu acredito em Deus”, por Martha Medeiros


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Colaboração de Regina Lúcia Moura Fernandes
Imagem do livro O Reino dos Deuses, de Geoffrey Hodson

sábado, 30 de novembro de 2013

O Cubo de Metatron

A forma que abarca todas as formas geométricas platônicas  

Pelo nome "Cubo de Metatron" é conhecida uma figura geométrica no mínimo curiosa. Esta figura contém em a si a projeção bidimensional de todos os corpos platônicos. Estes sólidos são, por sua vez, poliedros regulares convexos, ou seja: figuras geométricas tridimensionais simétricas, cujos ângulos e arestas mantém um valor constante e cujos lados são polígonos regulares iguais. Uma esfera inscrita, tangente a todas as suas faces em seu centro; uma segunda esfera tangente a todas as arestas em seu centro e uma esfera circunscrita, que passe por todos os vértices do poliedro. Existem apenas 5 corpos platônicos: o tetraedro, o hexaedro (ou cubo), o octaedro, o dodecaedro e o icosaedro.




Platão concebia o mundo como sendo constituído por quatro elementos básicos: a Terra, o Fogo, o Ar e a Água, e estabelecia uma associação mística entre estes e os sólidos. Assim, o cubo corresponde à Terra; o tetraedro, associa-se ao Fogo; o octaedro foi associado ao Ar e o icosaedro à Água. O quinto sólido, o dodecaedro, foi considerado por Platão como o símbolo do Universo, relacionando-se ao chamo Éter.
 
O Cubo de Metatron se constrói tomando como base o chamado "Fruto da Vida", ou seja: 13 circunferências tangentes e congruentes, construídas a partir de um hexágono regular. Unindo-se os centros de cada uma destas circunferências com os centros de todas as demais, obtém-se esta interessante figura formada por 78 linhas. Pode-se notar facilmente que a imagem da "Árvore da Vida" da Kabbalah [ou Cabala] está contida neste conjunto de esferas.

Igualmente se vê a "Estrela de David" (as diagonais do hexágono) e a "Estrela de Kepler" (ou "Merkabah", forma estelar do icosaedro, versão tridimensional da "Estrela de David").

                             
 

Nota: impossível não notar que o nome Metatron, embora seja parte da tradição cabalística hebraica, corresponde exatamente à junção de um prefixo e um sufixo provenientes da língua grega clássica: meta (μετά - transcendente, includente, pertencente a um nível acima ou além) e tron (τρον - instrumento de); em tradução literal, poderia significar "instrumento transcendente e / ou includente do além ou do acima", ou "instrumento de transcendência e / ou inclusão do além ou do acima" (?).
 
A Flor da Vida

A "Flor da Vida" é uma figura geométrica composta de círculos múltiplos espaçados uniformemente, em sobreposição, que estão dispostos de modo que formam uma flor, com um padrão de simetria multiplicada por seis, como um hexágono. Em outras palavras, seis círculos com o mesmo diâmetro se interceptam no centro de cada circulo. O Templo de Osíris em Abidos, Egito, tem o exemplar mais antigo até hoje, está talhada em granito e poderia representar o "Olho de Rá", um símbolo de autoridade do faraó. Outros exemplos se podem encontrar na arte fenícia, assíria, hindu, no médio oriente e medieval. O padrão da Flor da Vida pode ser construído com lápis, um compasso e papel mediante a criação de várias séries de círculos interconectados. O padrão da Flor da Vida é a base do Fruto da Vida e, portanto, do Cubo de Metatron.
 
 
 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A Árvore das Vidas – uma introdução

O vocábulo vida em hebraico é um plural, sem singular


O Tempo e a singularidade - Coordenadas espirituais

A árvore de vidas I


"A vida, em sua essência, é unica, mas ao manifestarem-se temporal e espacialmente nascimentos e mortes, mudanças de estado (mineral, vegetal, animal e humana), é percebida de múltiplas formas"


A "Árvore das Vidas""Etz Jaím" — abarca todos os planos nos quais a vida se manifesta. Daí a denominação Árvore das Vidas, já que o vocábulo vida em hebraico é um plural sem singular. A vida é o conjunto de toda a realidade, mesmo transcendento os limites do tempo e espaço.

Quando a Torá se refere à vida, isso inclui os planos físico-sensoriais, emocionais e mentais (manifestação temporal e espacial) integrados aos planos espirituais.

A vida, em sua essência, é única, mas ao manifestar-se temporal e espacialmente: nascimentos e mortes, mudanças de estado (mineral, vegetal, animal e humana), é percebida de múltiplas formas.

O vocábulo lev (do hebraico: coração) é formado pelas letras hebraicas 01_lev cujo valor numérico é 32 ( 02_lamed = 30 e 03_bet = 2). Trinta e duas (32) vezes é mencionado o nome Elokím* no capítulo do Gênesis/Bereshit, indicando-nos os trinta e dois caminhos gerais através dos quais a Vontade Superior estabelece os limites temporais e espaciais de manifestação. O coração / lev é o instrumento / klí ¹ que pode perceber tais limites, ou seja, as Leis Superiores. O capítulo 2:10 do Pirkei Avót nos transmite que um bom coração é o que o Homem deve buscar permanentemente, já que um bom coração é o recipiente de todas as qualidades.

Asefirot Árvore das Vidas também é conhecida como os 32 caminhos da Sabedoria, compostos pelas 22 letras do alfabeto hebraico, mais as 10 sefirót.

As letras são a energia básica, os elementos primordiais com os quais conformamos nossos pensamentos e articulamos a linguagem. As dez sefirót são os envoltórios que cobrem a plenitude da Luz ² que se expande a partir da Essência do Criador (Atzmutó), com o objetivo de que recebamos a Sua Luz. Cada sefirá manifesta um grau geral, um atributo da Luz Infinita. Isso é semelhante à luz do Sol, para a qual nos é impossível olhar sem os óculos apropriados. Ante o esplendor do Sol, a luz de uma vela faz-se imperceptível, mas quando o Sol se oculta e anoitece, a luz da vela torna-se visível. Da mesma maneira, cada sefirá nos revela diferentes graus da Luz Infinita e, grau por grau, sefirá após sefirá, o Homem se aproxima da plenitude da Luz Infinita. Ou seja, sem as sefirót sería-nos impossível receber a plenitude de Sua Luz, já que não teríamos existência nem consciência, senão que seria tudo Infinito, sem possibilidade de tomada de consciência por parte do desejo da Neshamá.

Elokím: um dos 10 nomes gerais mencionados na Torá, relacionado com a sefirá Guevurá / superação, e com todos os processos de limitação e manifestação.


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¹ Klí. O desejo de receber do emanado denomina-se Klí.

² Luz / Or. É a energia que se expande a partir do Ein - Sof, vivificando todos os mundos e estratos da Criação.

É para nós tudo aquilo que é recebido e contido nos olamót / mundos do ponto de vista de iesh mi-iesh / criação a partir do criado, que compreende tudo fora da substância dos kelím / instrumentos de recepção de OR, que são criados a partir da ausência, tzimtzúm.

São os diferentes graus da Realidade Infinita revestidos em nossa alma e denominados, a partir de nossa recepção e apreensão, da seguinte maneira:

OR ELION
: Com o termo Luz Superior / Or Elión designamos a Luz, expandida a partir de Atzmút haBoré / Singularidade do Criador, origem e causa das causas. Ou seja, ELE mesmo, e não suas vestimentas nem nomes, nem denominações, nem manifestações.
E deves saber, ensina-nos o Rab Ashlag, que todos os nomes e adjetivos pertinentes à Sabedoria da Kabalá não são nem têm realidade alguma em Atzmút haBoré, senão que somente na Luz que se expande a partir d’ELE. Em Atzmút não há para nós nenhuma palavra nem articulação sonora, porque essa é a regra geral: Todo estado espiritual que não consigamos alcançar, tampouco o conheceremos por seu nome.

OR EIN – SOF
: É a plenitude da Luz Infinita que preenche toda a Realidade, sem deixar espaço para que surja nenhum desejo nem vontade que a limite.
No estado de Ein – Sof / Infinito, à diferença dos olamót / mundos, o desejo não limita a plenitude da Luz.

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Ensinamento traduzido de halel.org — original (espanhol) —, projeto iniciado pelo Rabino Rav Haim David Zukerwar z"l (Montevidéu, 1956 - Jerusalem, 2009)


Metatron portando O Cubo
Representação antropomórfica de Metatron — artística e idealizada —,
portando a Merkabah, inserida na forma conhecida como 
O Cubo de Metatron

sábado, 21 de setembro de 2013

Pássaro alimenta cão e gato

Esse corvo entende que está alimentando seus colegas de estimação, mas como se eles fossem os seus animais de estimação. E vejam como ele se coloca no papel de 'chefe' da casa.


Os corvos também gostam de se 'divertir'. Por exemplo… 'esquiando' Alegre


Corvo se diverte sozinho, com sua “snowboard”, num telhado — Rússia

Além disso, eles gostam de colecionar objetos. Se gostam de um objeto, levam-no para 'decorar' suas casas. Bem, sentido de propriedade, eles não têm, porque não perguntam se o objeto já tem dono. Cuidado! Alegre


A inteligência dos corvos

Os estudos da inteligência em corvos têm demonstrado que tais animais são dotados de um aparato cognitivo capaz de lhes propiciar diversas ações que podem ser compreendidas como sinais de inteligência. Como exemplo disso, tem-se a descoberta de cientistas da Universidade de Auckland de que os corvos têm a capacidade de usar três ferramentas em sucessão para conseguir chegar até os alimentos. De acordo com uma pesquisa realizada por cientista da Universidade de Washington, em Seattle, os corvos seriam ainda capazes de identificar o rosto de uma pessoa que possa representar perigo, além de alertar os demais sobre a ameaça. (Fonte: Wikipedia)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O Amanhecer Galático

Nosso sistema solar tem “dia” e “noite”
O sistema solar realiza o movimento de translação (deslocamento, numa elipse) com relação à Via Láctea, do mesmo modo que a Terra e os demais planetas o fazem em relação ao Sol e o Sol em relação a outras estrelas.

Segundo a astronomia Maia, o resultado desse movimento de translação do sistema solar — que se completa a cada 25.625 anos — é a ocorrência de um “dia” e de uma “noite”, no sistema solar.

animação amanhecer galático
Ao estar mais afastado do centro da Via Láctea, o sistema solar experimenta a sua “noite”. Ao estar mais próximo do centro da galáxia, ele experimenta o seu “dia”, de maneira semelhante ao que ocorre à Terra em relação ao Sol; só que, no caso da Terra, dia e noite ocorrem devido ao movimento de rotação do planeta em torno do seu próprio eixo, ao expor seus lados alternadamente em relação ao Sol.
Ao parecer, o ano Maia correspondente a 2012 marcou a entrada do sistema solar no início e no sentido da sua posição translacional mais próxima do centro da galáxia, ou seja, marcou o começo do seu “dia”, de vez que o sistema passou a receber, a partir do ano convencionado de 2012 para o calendário terrestre, maior “iluminação” proveniente do centro da galáxia.
Amanhecer galático (espanhol)
Não se sabe exatamente o que há no centro da galáxia. No entanto, é possível afirmar que há energia luminosa, pois esse fenômeno é visível e mensurável com o uso de modernos telescópios  e sondas de vários tipos.
Como essa energia luminosa influencia o comportamento do sistema solar, não se sabe ao certo. Há teorias de que existe alta concentração de plasma (matéria em seu quarto estado) no centro da galáxia. Não se sabe ao certo a função do plasma.
Sabe-se que a energia luminosa do Sol atinge a Terra e é fundamental ao surgimento e à manutenção da vida. É possível que a energia proveniente do centro da galáxia exerça uma função semelhante, ou reguladora, sobre os sistemas solares. Como nosso planeta e, portanto, nós mesmos, seres humanos, fazemos parte desse todo, estamos incluídos no sistema, obviamente devemos sofrer algum tipo de influência, também.
Muitas suposições e hipóteses podem aflorar desse evento — o “nascimento do dia” no sistema solar, ocorrido no ano de 2012, e de duas consequências para o planeta Terra e a espécie humana.

Algo me faz relacionar toda essa recorrência de movimentos elípticos que nos cerca, inclusive o dos corpos celestes, à afirmaçvlcsnap-2010-04-10-05h45m11s112ão da astônoma e matematicista platônica Hipátia de Alexandria, de que “tudo pode ser explicado a partir de elipses”. Ou seja, Hipátia atribuía às elipses atributos perfeccionistas.
Nietzsche_espelhado,Outro estudioso, Friedrich Nietzsche, formulou uma teoria (inacabada) do “eterno retorno” * que, de alguma maneira, também pode ser abstraída a partir de movimentos elípticos, sem prejuízo de outros.
Contribuições e comentários são bem-vindos.

Lincoln Sobral

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”Com o Eterno Retorno, Nietzsche questiona a ordem das coisas. Indica um mundo não feito de pólos opostos e inconciliáveis, mas de faces complementares de uma mesma—múltipla, mas única—realidade. Logo,
bem e mal, angústia e prazer, são instâncias complementares da realidade - instâncias que se alternam eternamente. Como a realidade não tem objetivo, ou finalidade (pois se tivesse já a teria alcançado), a alternância nunca finda. Ou seja, considerando-se o tempo infinito e as combinações de forças em conflito que formam cada instante finitas, em algum momento futuro tudo se repetirá infinitas vezes. Assim, vemos sempre os mesmos fatos retornarem indefinidamente.” Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Para compreender O Humano

www.facebook.com/pnyxbema
Penso que esta seja uma das (poucas) intervenções mais bondosas que eu já tenha lido, ouvido, sentido, desde sempre. Por isso, compartilho com os leitores do Empatia é quase Amor.

A Respeito do Humano

Uma coisa é a compreensão do fenômeno humano em geral e outra coisa muito diferente é o próprio registro da humanidade do outro.


 Estudemos a primeira questão, ou seja, a compreensão do fenômeno humano em geral.


Se dissermos que o que caracteriza o humano é a sociabilidade ou a linguagem, ou a transmissão da experiência, não definimos cabalmente o humano, porque no mundo animal (ainda que desenvolvidas de maneira elementar), encontramos todas essas expressões. Observamos reconhecimentos químicos de organismos da colméia, dos cardumes ou das manadas, e atrações ou repulsões que se dão como conseqüência disso. Existem organizações de hospedeiros, parasitas e simbióticas nas quais reconhecemos formas elementares que logo veremos entremeadas em algumas agrupações humanas... Também encontramos uma espécie de “moral” animal e resultados sociais punitivos para os transgressores. Ainda quando vistas de fora, essas condutas podem ser interpretadas como instintos de preservação da espécie ou como implicação de reflexos condicionados e incondicionados. O rudimento técnico também não é estranho ao mundo animal, nem os sentimentos de afeto, ódio, pena e solidariedade entre membros de um grupo, ou entre espécies.

Bem, então, o que define o humano enquanto tal? O que o define é a reflexão do histórico-social como memória pessoal. Todo animal é sempre o primeiro animal, mas cada ser humano é seu meio histórico e social e, além disso, é a contribuição para a transformação ou inércia deste meio.
evolução
O meio para o animal é o meio natural. O meio para o ser humano é o meio histórico e social, é a transformação do mesmo e, certamente, é a adaptação do natural às necessidades imediatas e a longo prazo. Esta resposta diferenciada do ser humano frente aos estímulos imediatos, este sentido e direção de sua obra referente a um futuro calculado (ou imaginado), nos apresenta uma característica nova frente ao sistema do ideário, de comportamento e de vida dos expoentes animais. A ampliação do horizonte temporal da consciência humana permite-lhe atrasos frente aos estímulos e a seu posicionamento em um espaço mental complexo, habilitado para a colocação de deliberações, comparações e resultantes fora do campo perceptivo imediato.

Em outras palavras: no ser humano não existe “natureza humana”, a menos que esta “natureza” seja considerada como uma capacidade diferente da animal, de estar se movendo de tempos em tempos fora do horizonte da percepção. Dito de outro modo: se existe algo de “natural” no ser humano, não é no sentido mineral, vegetal ou animal, mas sim de que o natural nele é a mudança, a história, a transformação. Tal idéia de mudança não se alinha de maneira conveniente com a idéia de “natureza” e por isso preferimos não usar esta última palavra como vem sendo feito e com a qual se tem justificado numerosas deslealdades contra o ser humano. Por exemplo: como os nativos de um lugar eram diferentes dos conquistadores de outro lugar, foram chamados de “naturais” ou aborígines. Como as raças apresentaram algumas diferenças morfológicas ou rudimentares, foram absorvidas por diferentes “naturezas” dentro da espécie humana e assim por diante.

Desse modo, existia uma ordem “natural” e mudar essa ordem era um pecado contra o estabelecido de modo definitivo. Diferentes raças, sexos e posições sociais estavam estabelecidas dentro de uma ordem supostamente natural, que deveria se conservar de modo permanente.

Assim, a ideia de natureza humana serviu a uma ordem de produção natural, mas se fraturou na época da transformação industrial. Até os dias de hoje vemos vestígios da ideologia zoológica da natureza humana na Psicologia, por exemplo, na qual ainda se fala de certas faculdades naturais como a “vontade” e coisas semelhantes. O direito natural, o Estado como parte da natureza humana projetada, etc., não contribuíram com nada mais do que sua cota de inércia histórica e negação da transformação.

Se a co-presença da consciência humana trabalha graças a sua enorme ampliação temporal e se a intencionalidade dessa consciência permite projetar um sentido, daniel_zimmermann_self liberation_upo característico do ser humano é ser e fazer o sentido do mundo. Como se diz em Humanizar a Terra: “Nomeador de mil nomes, fazedor de sentido, transformador do mundo... teus pais e os pais de teus pais continuam em ti. Não és um bólido que cai e sim uma brilhante seta que voa aos céus. És o sentido do mundo e quando aclaras teu sentido, iluminas a Terra. Te direi qual é o sentido de tua vida aqui: Humanizar a Terra. O que é humanizar a Terra? É superar a dor e o sofrimento, é aprender sem limite, é amar a realidade que constróis...”

Bem, estamos muito longe da idéia de natureza humana. Estamos no lado oposto. Quer dizer, se o natural asfixiou o humano, à mercê de uma ordem imposta com a idéia de permanência, agora estamos dizendo o contrário: que o natural deve ser humanizado e que esta humanização do mundo faz do homem um criador de sentido, de direção, de transformação. Se esse sentido é libertador das condições supostamente naturais de dor e sofrimento, o verdadeiramente humano é o que vai além do natural: é teu projeto, teu futuro, teu filho, tua brisa, teu amanhecer, tua tempestade, tua ira e tua carícia. É teu temor e teu estremecimento por um futuro, por um novo ser humano livre de dor e sofrimento.


 Estudemos a segunda questão, isto é, o próprio registro da humanidade nos outros.


Enquanto registrarmos como natural a presença do outro, ele não passará de uma presença objetiva,Indígena da Nação Xerente_Brasil_PO ou particularmente animal. Enquanto estivermos anestesiados para perceber o horizonte temporal do outro, o outro não terá nenhum sentido além do para-mim. A natureza do outro será um para-mim. Mas ao construir o outro como um para-mim, me constituo e me alieno em meu próprio para-si. Quero dizer: “Eu sou para-mim” e com isso fecho meu horizonte de transformação. Quem coisifica, coisifica a si mesmo e com isso fecha seu horizonte.

Enquanto não se experimente ao outro fora do para-mim, minha atividade vital não humanizará o mundo. O outro deveria ser para o meu registro interno, uma cálida sensação de futuro aberto que nem sequer termina no sem-sentido coisificador da morte.

Sentir o humano em outro é sentir a vida do outro como um belo arco-íris multicor, que cada vez se distancia na medida em que quero deter, confundir, arrebatar sua expressão. Você se afasta e eu me reconforto se é que contribuí para romper tuas correntes, superar tua dor e sofrimento. E se vens comigo é porque te constituis em um ato livre como ser humano, não simplesmente porque nasceste “humano”.Silo (Mario Rodríguez Cobos), pensador e filósofo argentino Eu sinto em ti a liberdade e a possibilidade de constituir-te em ser humano. E meus atos têm em você o branco de liberdade. Então, nem tua morte pode deter as ações que puseste em marcha, porque és essencialmente tempo e liberdade. Amo, portanto, no ser humano, a sua humanização crescente. E nestes momentos de crise, de coisificação, nesses momentos de desumanização, amo sua possibilidade de reabilitação futura.
Silo (Mario Rodríguez Cobos)A cinta de Möebius representa o infinito

A RESPEITO DO HUMANO.  Palestra para um grupo de estudos. Silo
Tortuguitas. Buenos Aires, Argentina.
1º de Maio de 1983


Baixar, compartilhar (em formato .pdf):
· A Respeito do Humano
· As Condições do Diálogo
· A Mensagem de Silo

Site oficial








quarta-feira, 12 de junho de 2013

Mantra da Paz - Tina Turner

Tina Turner - Sarvesham Svastir Bhavatu (Mantra da Paz) Clip em HD - YouTube

Om Om Om

Sarvesham Svastir Bhavatu

Sarvesham Shantir Bhavatu

Sarvesham Poornam Bhavatu

Sarvesham Mangalam Bhavatu

Om, Shanti, Shanti, Shanti.

Tina Turner fala sobre (o projeto) “Children Beyond ” – 01:30s — setembro de 2011

“Não existe necessidade de separar religiões. É compreensível que elas sejam ‘diferentes’, mas isso não significa que sejam diferentes em um sentido negativo.” (trecho)

(Clique no botão “captions” para ler as legendas automáticas do vídeo)


Namaste

jóia 

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quinta-feira, 9 de maio de 2013

O Legado do Buda


O budismo não se enquadra na definição tradicional de religião, ou seja, em: " 'religar (-se)' a seres sobrenaturais, ou adorá-los, ou a eles submeter-se".

A etimologia do termo religião tem sido distorcida, pelo menos desde a Idade Média. A tradução do termo latino religio, onis não corresponde necessariamente a "religar (-se)" a algo, conceito amplamente difundido associado a tal palavra.

A distorção e manipulação do sentido do termo religião pelas elites religiosas é possivelmente a maior causa de insegurança, medo e violência interna dos seres humanos; a compreensão do seu sentido verdadeiro levaria os seres humanos a uma mudança de atitude diante da vida, tanto consigo mesmos quanto em suas relações interpessoais e sociais. Voltaremos ao assunto em outra oportunidade e explicaremos esse ponto de vista mais detalhadamente. 


A associação de "budismo" a "religião" é inapropriada, de vez que esse ensinamento não se enquadra no conceito tradicional associado a essa palavra. Isso visto, podemos apreciar o legado do buda sob o correto ponto de vista.


Único retrato conhecido de Sakyamuni

Há aproximadamente 2.500 anos, um fato modificou o entendimento da vida humana no mundo. Foi uma experiência de entendimento sobre o devir da vida humana baseada na meditação sobre fatos comprováveis – não em crenças. O protagonista desse fato foi Siddharta Gautama (Lumbini, Nepal, 624-544 a.E.C), que ficou conhecido como o Buda Sakyamuni. O Buda Sakyamuni – “muni” significa 'o capaz' – nasceu em 624 a.C. no reino de Koshala, atualmente parte do moderno Nepal, no clã (conjunto de famílias) dos Sakya. Por isso é conhecido como Buda Sakyamuni – “o capaz dentre os Sakya”. Não é um mito; sua existência histórica é provada. 


Sakyamuni O Buda  nos deixou esse entendimento (conhecido como dharmacomo legado:

As Quatro Nobres Verdades:

1) A verdade do sofrimento

2) A Verdade da Causa do Sofrimento

3) A Verdade da Extinção do Sofrimento

4) A Verdade do Caminho dos Oito Aspectos (óctuplo) para a Extinção do Sofrimento


O Caminho Óctuplo para a Extinção do Sofrimento:

1 – Entendimento Correto: implica o conhecimento das Quatro Nobres Verdades

2 – Pensamento Correto 

3 – Linguagem Correta: falar de uma forma clara e, sobretudo, não fazer uso de uma linguagem agressiva e maliciosa 

4 – Ação Correta

5 – Vida Correta

6 – Esforço Correto

7 – Atenção Correta: implica a auto-análise constante dos pensamentos e ações

8 – Concentração Correta



Eis parte da narração, alegorizada, do "primeiro discurso" do Buda Sakyamuni:


[...]"Enquanto, oh monges, o conhecimento e a visão a respeito dessas Quatro Nobres Verdades, de acordo com a realidade, sob seus três modos e doze aspectos, não foi totalmente puro em mim, não admiti ao mundo, com suas divindades, Maras e Brahmas, e à humanidade, com seus ascetas, brâmanes e homens, que havia realizado corretamente, por mim mesmo, a incomparável iluminação."


"Quando, oh monges, o conhecimento e a visão a respeito dessas Quatro Nobres Verdades, de acordo com a realidade, sob seus três modos e doze aspectos, foi totalmente puro em mim, então admiti ao mundo, com suas divindades, Maras e Brahmas, e à humanidade, com seus ascetas, brâmanes e homens, que havia alcançado corretamente, por mim mesmo, a incomparável iluminação. E surgiu em mim o conhecimento e a visão. ‘Irreversível é a liberação da minha mente. Este é o meu último nascimento. Não há nova existência.'"

"Isso disse o Sublime. Os cinco monges se regozijaram com as palavras do Sublime."

Liquid Comics

"Durante a exposição do discurso, surgiu no Venerável Kondañña a pura e imaculada visão: ‘Tudo aquilo que está sujeito a um surgir, está sujeito a um cessar.’""Quando o Sublime expôs este discurso, as divindades terrestres exclamaram: ‘Essa excelente Dhammacakka foi colocada em movimento, pelo Sublime, próximo a Benares, em Isipatana, no Parque dos Cervos, e não pode ser detida por nenhum asceta, brâmane, divindade, MaraBrahma, ou nenhum ser no universo.’"

[...]"E, nesse segundo, nesse momento, nesse instante, essa exclamação estendeu-se até o mundo dos Brahmas. E os dez mil universos estremeceram, sacudiram-se e tremeram violentamente.  Uma esplêndida e ilimitada luminosidade, ultrapassando a refulgência das divindades, manifestou-se no mundo."

Liquid comics


Conclusão

Sakyamuni O Buda alcançou o ápice do entendimento sobre o mundo através do trabalho árduo e da dedicação, livre de vacilações. Ponto importante a ser destacado é que o Buda frisou que atingir esse conhecimento está ao alcance de todos, sem distinção.

Seu Ensinamento – e sua ação –, originalmente uma doutrina filosófica (de amor ao conhecimento), lentamente foi se transformando na religião budista, que posteriormente derivou em várias vertentes – Hinayana, Mahayana, Vajrayana e sub-vertentes.
Lincoln Sobral
Link curto personalizado: http://is.gd/legabud