Em uma clareira pura na floresta, os pássaros cantam e o ar se enche de um suave perfume. Você vê um grupo de cervos pastando.
Ao olhar para a paisagem ondulante, você avista um homem de porte muito nobre sentado de pernas cruzadas no chão, com as costas eretas e o portamento solene, mas vestindo uma túnica monástica simples. Cinco monges o acompanham de perto, com os olhos semicerrados e completamente concentrados na escuta.
Enquanto você caminha por ali, sente uma profunda sensação de paz. O rosto desse homem é sereno e belo, como se irradiase luz. Sua voz, embora suave, ecoa com clareza até o lado oposto da clareira.
Esse homem fascinante pronunciou uma frase que o fez parar para ouvir:
“Bhikkhus, qual é a verdade do sofrimento? Nascer é sofrimento, envelhecer é sofrimento, adoecer é sofrimento, morrer é sofrimento. Estar separado de quem se ama é sofrimento. Desejar algo e não conseguir é sofrimento. Em resumo, a natureza humana, por se apegar com facilidade, gera sofrimento.”
Você fica profundamente cativado. Nos momentos mais dolorosos de sua vida, foi por acaso que encontrou esse homem, acompanhado de seus cinco discípulos, naquela clareira. A voz dele, grave e poderosa, descrevia com solenidade o Caminho do Meio e o Nobre Caminho Óctuplo.
De repente, você se vê sentado na relva, absorvendo cada palavra daquele que todos chamam de Buda. Esse encontro casual marca o instante em que o Buda “gira a roda do Dharma” — mais precisamente, o Sutra do Giro da Roda do Dharma.
Não é difícil imaginar. Eu e muitos que conheço encontramos o Buda dessa forma por acaso — não necessariamente no Parque dos Cervos de Sarnath, mas ao ler seus ensinamentos, como se estivéssemos ali presentes.
Quando estudo os sutras, medito ou recito os textos, procuro me imaginar dentro daquela clareira. É uma forma magnífica de praticar e absorver o Dharma.
Texto: Buddha Weekly
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28 de julho, dia comemorativo do Primeiro Discurso do Buda após a sua iluminação ("Chokor Duchen")
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